segunda-feira, 1 de agosto de 2011

ZECA AFONSO - 'Eles comem tudo'



Zeca Afonso
Aveiro – Setúbal
2 Agosto1929 – 23 Fevereiro1987

...
Uma reposição com a ajuda de Belino Costa
(...)
Entretanto - como é conhecido - o cantor criou e interpretou novas formas musicais, que não cabe aqui analisar.
Mas, em 1980 - isto é, 27 anos depois de ter gravado os seus primeiros fados - José Afonso "reconcilia-se" com a tradição coimbrã para deixar o LP "Fados de Coimbra e outras canções", o último dos muitos discos que gravou para a editora Arnaldo Trindade, Lda. - Discos Orfeu.

Numa entrevista a Belino Costa, publicada na Revista Sete, de 25/11/81, José Afonso refere-se a esta "reconciliação":
"O fado de Coimbra não é de direita nem de esquerda: é um depósito de carácter cultural. (...) 
...
Obs.
Hoje, Lisboa promove o «seu» fado a Património Mundial... enquanto que Coimbra encolheu os ombros.
«»


[De] toda a parte chegam os
VAMPIROS



No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada

Vêm em bandos com pés de veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada [bis]

A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas

São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei

Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada

Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhe franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
fonte: aqui

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