segunda-feira, 26 de novembro de 2012

MÁRIO CESARINY - Tretas da arte e da era


Mário Cesariny de Vasconcelos 
9.8.1923 – 26.11.2006



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Mário Viegas diz Mário Cesariny* do disco "3 

POEMAS DE AMOR,ÓDIO E ALGUMA AMARGURA


..

"O Raúl Leal era"
(…)
Eu nos Jerónimos ele na vala comum
Que lhe vestiu o nome e o disfarce
(Dizem que está em Benfica) ambos somos um
Dos extremos do mal a continuar-se.

Não deixou versos? Deixei-os eu,
Infelizmente, a quem mos deu.
O Almada? O Santa-Ritta? O Amadeo?
Tretas da arte e da era. O Raul era
Orpheu.


                     de "O Virgem Negra" por M. C. V.
                     (Mário Cesariny).  

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

VOLTAIRE. Livre pensador

Voltaire ( François-Marie Arouet)
21.11.1694 - 30.05.1778

enciclopedista, livre pensador

«Voltaire denunciou a injustiça e escreveu "Tratado Sobre a Tolerância" quando, nas décadas anteriores à Revolução Francesa, presenciou em 1762 o caso de Jean Calas, um comerciante protestante da cidade de Toulouse, acusado de assassinar o filho, que queria se converter ao catolicismo. Nunca confessou, mas morreu sob tortura, no suplício da roda» 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

ZECA AFONSO - «Sem Brecht não há fados» - AJA PRATA



fonte: aqui  
uando Zeca Afonso esteve na cidade da Beira (Moçambique), um núcleo de “antigos estudantes” de Coimbra organizaram um programa para celebrar «a Tomada da Bastilha» que incluía “nada menos do que uma «serenata monumental, à semelhança do espectáculo que ocorre todos os anos no Largo da Sé Velha em Coimbra” (1); a presentação da peça de teatro de Bertold Brecht  “A excepção e a regra”, e ainda incluía um “um tipo, que por coincidência também era o censor da Beira, fazia uma aula com uns doutores vestidos de “baby-dol” a apanhar violetas” (2).

«Veio o dia em que, encostada a uma das faces da praça, apareceu a réplica em madeira do pórtico fronteiro da Sé Velha. Obra asseada.(…)» (1) … e «enquanto isto, as provas teatrais enviadas à censura oficial regressaram tão retalhadas que não havia volta a dar-lhes»(1) … 
O censor foi ainda mais longe, à margem da folha desvirtuou algumas passagens da peça, de tal modo que ironicamente João Afonso dos Santos considera que “a obra do Brecht”, não era de Brecht mas de uma parceria Brecht/Carvalheira (suposto nome do  censor e dramaturgo).
Entretanto, o grupo de teatro recusa-se a representar a peça desvirtuada pela censura e, Zeca Afonso, aumentando a parada, joga forte: sem Brecht não há fados!
Assim, o censor não veria no palco a representação das suas “violetas”; a serenata monumental ficava-se pelo cenário da réplica da Sé Velha, e o cancelamento do espetáculo rebentaria como uma bomba na propaganda da oposição.
O «carcereiro da palavra» teve de ceder…
E a cidade da Beira entrou no Guiness. Foi a primeira vez que se apresentou uma peça de Bertold Brecht em todo o império português.
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Revisitando Moçambique:
Por este tempo, no quartel de Chimoio (Vila Pery) havia um gira-discos na Sala de Oficiais onde os Vampiros e o Menino do Bairro Negro, de Zeca Afonso, não cansavam de serem ouvidos. Foi das boas prendas de Natal oferecidas pela SHER (Sociedade Hidroelétrica do Revué).

Zeca Afonso - Menino do Bairro Negro

...
(a) Zeca Afonso musicou esta peça, com várias canções.

(1)      João Afonso dos Santos, José Afonso – Um Olhar Fraterno, Caminho, 2002.


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Amadeo - fogo "purificou" parte da sua obra.


(1)

14Nov.1887 – 25 Out.1918
Manhufe (Amarante) - Espinho
Considerado por José-Augusto França ‘com certeza, porém o maior  ou único pintor «moderno» do anos [19]10 nascido em Portugal e um pintor lendário também, no esquecimento que há sua volta, durante quarente anos, ignaras fadas nacionais teceram’  (…)
Pintura, fragmento - (col. Fundação Calouste Gulbenkian)
in Cem Obras-Primas  da Pintura Europeia, Livros RTP, 2. Biblioteca Básica Verbo.
…Depois da sua morte, a sua “viúva regressou a Paris”  com grande parte das obras de Amadeo. E, uma irmã, para garantir “o esquecimento do escândalo que tão estranhas imagens tinham provocado» queima* o resto da obra que restava em Manhufe (Amarante).
in José-Augusto França, Amadeo & Almada, Bertrand Editora, impresso em 1986.
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(1) fonte: Amarante jornal online
* a (mal)dita santa 'inquisição' deixou rebentos inexpugnáveis. á méne

domingo, 11 de novembro de 2012

1918 – 11 de Novembro. Armistício entre os Aliados e a Alemanha. Monárquico oferece a 1ª Bandeira para cobrir os soldados mortos.


Dentro de pouco te esquecerás de tudo; 
dentro de pouco todos te esquecerão. 
(Marco Aurélio, Pensamentos, 
(Livro VII – 21, p. 83), 
Biblioteca Básica Verbo 
– Livros RTP, nº 36.

Armistício da 1ª Guerra Mundial (194-1918) para cessar as hostilidades na frente ocidental entre os Aliados  e a Alemanha.
Portugal, que já estava em guerra a defender as Colónias desde o início da guerra, enviou tropas para a Flandres a partir de Fevereiro de 1917.  

Foi dolorosa a intervenção de Portugal, agravada com a subida ao poder através de um golpe revolucionário de Dezembro’1917 de Sidónio Pais, um germanófilo que abandonou os nossos soldados, com graves reflexos na Batalha de La Lys
….  
MONÁRQUICO OFERECE A PRIMEIRA BANDEIRA PARA HONRAR OS MORTOS
Parece estranho ou nem tanto, que tenha sido um monárquico a oferecer a primeira bandeira de Portugal a cobrir os copos dos nossos mortos em combate em França, durante a Primeira Guerra.  
Ouçamos o capelão militar, P.e Avelino Figueiredo

«Os primeiros mortos na guerra em terras de França  assistidos por sacerdotes portugueses,
ao serem enterrados, tiveram a cobri-los uma bandeira inglesa”

Para que os militares fossem enterrados com a dignidade que lhes era devida, os capelães militares organizaram-se  de modo a conseguir obter bandeiras da Pátria.

Assim, o P.e José Ferreira de Lacerda bateu “à porta da Embaixada de Portugal [em França] a pedir uma bandeira, por mais velha que fosse”… “Não havia”, respondeu o embaixador João Chagas.

Então, “Recorremos depois ao sr. Conde Sucena”  que vivia próximo da Embaixada, a quem o peso do argumento: “os soldados na morte eram ingleses e, depois sem Pátria” deve ter sensibilizado do conde.

 –  “Amanhã terá no seu hotel o que pede, pois hoje – era domingo – estão fechados os estabelecimentos".

Uma surpresa, tanto mais que o conde era um dos poucos monárquicos que abriu os cordões à sua avultada bolsa para apoiar  a restauração do regime monárquico derrubado no 5 de Outubro. Sem sucesso.

A Bandeira da República Portuguesa oferecida pelo Conde Sucena (de Águeda)  foi “a primeira bandeira de Portugal a cobrir os cadáveres dos soldados portugueses no C. E. P.”, conforme Padre José Ferreira de Lacerda, capelão militar.
Um gesto a  merecer reflexão.

Citação e informação recolhida de Tomé Vieira, “A Corja” e “Os Fantoches”. Fernando Pereira – Editor, Lisboa. 1980.