Prémio Ruy Belo aqui

Ruy Belo

27 de Fevereiro’1933 – 8 Agosto’1978

…

Mas a terra é pequena e não é grande a gente

Desde o tormento metafísico de antero

até aos dies irae destes dias

em que mãos desabrocha algum possível Portugal?

…

Ruy Belo (obra poética), País Possível, 

[pequena história trágico-terrestre].

Editorial Presença (2ª edição). Lisboa. 1998. 
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John Coltrane: Alabama:: Jazz Casual

GUERNIC E NEUNEN

Pelo grande dia de DRC:

O olhar dos grandes pintores é de uma agudeza para nós estranha; repara no de Picasso. O ouvido dos poetas até a eles intriga: não leram música; no entanto, depois de ouvir um grande texto são capazes de reproduzi-lo toda a vida. Quando passares por algum grande museu de Europa, de Haia, ou Madrid (Paris não importa lá muito) pede a quem te conduzir para ver os quadros de Van Gogh, fase Neunen. Olha-os parada. São figuras de mineiros que morriam de fome. Não te aproximes; a guarda detém-te.

in Sebastião Alba, Albas, 

org., intr. e notas de Maria-Santa-Cruz, 

Quasi Edições e Herdeiros Sebastião Alba (2003), 

V N Famalicão. 2003 

BUSTOS - CENTRO DO CORGO

Poder-se-á destruir o horizonte

sem trair o olhar? 

in Joaquim Pessoa, O livro da noite, Moraes Editores. Lisboa. 1982


......... cadê  a Torre?

Zeca Afonso - «Traz outro amigo também»

Aveiro, 2 Agosto1929 – Setúbal, 23 Fevereiro 1987

 “As águas do rio são de correr

Cada vez mais perto sem parar

Sou como o morcego vejo sem ver

Sou como o sossego sei esperar”

in José Afonso, Textpos e Canções, Org. e Notas J. H. Santos Barros, [Canção da Paciência] para a peça Fernão, Mentes?, de Hélder Costa, 2ª edição Revista e notas, Org. Elfriede Engelmayer, Assírio  & Alvim, 1988 

NINA SIMONE DA MÚSICA FEZ A SUA ARMA

Nina Simone (21.02.1920 – 21.04.2003) fez da música uma poderosa arma de combate contra o racismo.

“Não era apenas uma artista, mas uma combatente pela liberdade, declarou Myriam Makeba aos jornalistas antes da cerimónia [das exéquias], ao recordar que a cantora desfilou com Martin Luther King pela defesa dos direitos cívicos dos negros nos estados unidos”, in Angola Press aqui

You TUBE Nina Simone - My Way aqui

LUTERO BATE COM A PORTA

Martinho Lutero, (10.11.1483 – 18.02.1546) liderou o movimento da Reforma da Igreja na Alemanha.

A seguir está reproduzido um excerto da História  do antigo 4º ano de Liceu sobre a Reforma na Alemanha …

"2) Reforma na Alemanha, na França e na Inglaterra

A Alemanha apresentava, no séc. XVI, situação muito grave: - O clero havia quase esquecido a sua missão espiritual. Os príncipes, envolvidos em contendas, sentiam-se pobres e pensavam em recompor a fortuna, deitando a mão aos bens da Igreja. Os cavaleiros e os pequenos senhores feudais viviam da rapina e do assalto. Nas cidades pontificava uma burguesia enriquecida, que escravizava os humildes. Os camponeses, sujeitos a vexames e violências, procuravam agrupar-se, para poderem rebelar-se contra os seus dominadores.

A Igreja, conhecedora destes males, pouco fizera para fortificar a fé religiosa dos Alemães que, dotados de temperamento frio e positivo, não se conformavam com as pompas externas do culto romano, aplaudiam as críticas dos humanistas, que comentavam livremente a Bíblia, atacavam a Teologia, ridicularizavam a Escolástica medieval, exigiam a reforma das ideias e dos costumes.

Uma questão, na aparência insignificante, precipitou os acontecimentos: – Martinho Lutero (Fig. …), monge agostinho e professor universitário, que havia visitado Roma e voltara magoado com o lixo da corte pontifícia, deu o seu acordo às doutrinas de João Huss, recomendou a leitura da Bíblia, criticou a autoridade papal.

No entanto, o papa Leão X mandava pregar na Alemanha  indulgências, para, com o produto das esmolas, acabar a construção da basílica de S. Pedro, em Roma. Lutero, tendo sabido  que a maneira como era feita a propaganda dava a impressão da venda das indulgências, revoltou-se contra a pregação e começou a combater a doutrina da Igreja sobre o assunto, nestes termos:

“Pregam-se invenções humanas os que pretendem que logo que o dinheiro soa na sua caixa, a alma sai do Purgatório […].” [transcreve-se parte da citação] 

(in Martin Luther – Oeuvres, vol. I, Genève. 1957, págs. 230 – 231.)"

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in António Mattoso, Compêndio de História Universal, 4º ano, (livro único), Depositária Livraria Sá da Costa, 1960. Pg.s 253/4

BUSTOS - FREGUESIA COM 91VELAS

'Certidão de nascimento' da Freguesia de Bustos (Concelho de Oliveira do Bairro) 

"Aqueles  que a Bustos legaram obra e lhe dedicaram o melhor do seu entusiasmo  e saber bem merecem ser evocados com dignidade."

in Carlos Braga, Na Alvorada da Criação da Freguesia de Bustos (1910-1920), 

Proclamação  da República de Lisboa a Oliveira do Bairro.1ª edição, Lisboa, 2010 

CARLOS PAREDES

EXALTOU OS PERGAMINHOS DE FAMÍLIA

aqui

Coimbra, 16 de Fevereiro´1925 - Lisboa’23 de Julho’2004 


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16 de Fevereiro’1267 – Convenção de Badajoz  assinada entre os reis Afonso X de Léon e Castilla e  Afonso III de Portugal. Aquele "rei desistiu definitivamente da posse dos castelos que ocupava no Algarve" e  "o rei português renunciava a quaisquer direitos sobre os territórios  situados entre os rios Guadiana e Guadalquivir."

in Lexicoteca, Moderna Enciclopédia Universal, Círculo de Leitores, Tomo III.

LOU ANDREAS SALOMÉ, «poeta da psicanálise»(a) - 150 anos

Carta de Lou Andreas Salomé a Rilke

Göttingen, 11 de junho de 1914 Meu velho e querido Rainer, – saiba você, chorei terrivelmente lendo sua carta, que estava ridícula, mas nós podemos, às vezes, impedirmo-nos de ver a vida acolher desta maneira os mais preciosos de seus filhos. Eu o acompanhava com todos os meus pensamentos – se é que se pode chamar isto “acompanhar”, quando nos perguntamos a cada dia onde se pode encontrar alguém: se este subiu para as alturas até os confins da humana atmosfera, ou se caiu no fundo de uma cratera, debatendo-se entre os mil fogos que nunca queimaram no seio da terra. Quando você me escrevia a respeito de minhas “Cartas”, com toda espécie de “s” tornando-as alegremente loucas, parecia-me concebível que um período produtivo tivesse lhe invadido, provocado por alguma experiência afectiva; e é sempre este o momento em que um terrível perigo parece tão próximo quanto uma grande vitória. É fácil então, para certas almas, sacrificar um nada de produtividade que … (1)

"Distingue-se entre os humanos aqueles que se sentem divididos em um passado e um futuro e aqueles que vivem o presente com cada vez mais densidade, sempre mais plenitude. Os orientais acham natural insistir menos sobre a morte do que se passa do que sobre a perfeição do que se acaba, como aprofundamento da realidade. Nós, ao contrário, começamos a ver aquilo que nos chega, apenas sob o aspecto sempre mais sinistro da morte - como tudo o que se observa de um olhar exterior, logo mortífero." (2)

Lou Andreas Salomé

(São Petersburgo, 12 de Fevereiro’1861 – Göttingen, 1937)

Lou Salomé veio ao mundo sob a estrela da liberdade, em 12 de Fevereiro de 1861”, precursora da luta da liberdade sexual e dos direitos da mulher, ousou nos amores, que teve vários, v. g. Gillot, pastor da Igreja, Nietzsche,Rilke, ...  Com a sepultura ainda fresca, a Gestapo confisca o que foi sua biblioteca. (3)

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(a) título dado por Freud.

(1) aqui

(2) Luzilá Gonçalves Ferreira, em “Os sentidos da Paixão” aqui 

(3) e ainda com o apoio de Maria Ondina Braga, Mulheres Escritoras, Livraria Bertrand, 1980, 

LOVE ME DO, THE BEATLES. Companheiros sem destino

Beatles, companheiros sem destino

A luz fabricada na SHER comprimia a noite.

os Beatles estavam a despontar.

A música entrava  nos ouvidos a cavalgar

O gravador AKAI do Alferes Rebelo não se cansava

de repetir: Love me  do

enquanto o ar quente da aurora reclamava:

O seu a seu dono.

(Moçambique, em tempos de expedição )

 (…)

“Honras depois de morto

Uma medalha póstuma para calar o teu medo

E foste a enterrar com a raiva como mortalha

E até pensaram que morreste contente”

Carlos Luzio (10.08.1947 – 27.09.2004  ) Pescador de Sonhos (in memoriam Morte na Picada). Edição póstuma. 2005

Love Me Do

Os Beatles

Composição: John Lennon & Paul McCartney

Love, love me do
You know I love you
I´ll always be true
So please, love me do
Oh, love me do

Love, love me do
You know I love you
I´ll always be true
So please, love me do
Oh, love me do

Someone to love
Somebody new
Someone to love
Someone like you

Love, love me do
You know I love you
I´ll always be true
So please, love me do
Oh, love me do

Love, love me do
You know I love you
I´ll always be true
So please, love me do
Oh, love me do

Yeah, love me do
Oh, love me do

…

"Qualquer descuido e uma pessoa fica mal vista"

“ (…)  o momento é bom, porque as pessoas começaram a falar no doutor, a classe política está desgastada e desprestigiada, embora tenham trabalhado tanto …

Não o deixaram acabar, e começou uma gritaria contra os políticos com aqueles argumentos populistas e ignorantes que nos fartamos de ouvir na praça, na tasca e no eléctrico.

Felizmente estava ali o engenheiro Pinhel que os contrariou com uma argumentação brilhante.

– Francamente, meus senhores! Um cargo daqueles [Ministro] é uma responsabilidade. Estão mil olhos a espreitá-los. Qualquer descuido e uma pessoa fica malvista. Não é como nós, que podemos fazer sempre as nossas habilidades, e ninguém repara. Então não é justo que eles se tentem governar, para assegurar o futuro?”

…

Helder Costa, Queres Ser Ministro? Edições ASA, 1ª edição Novembro 2001

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Helder Costa, director artístico do Grupo de Acção Teatral A BARRACA, um dos nomes mais prestigiados do nosso Teatro e dramaturgo de reconhecidos méritos, oferece-nos aqui uma paródia ao mundo da política, que mergulha as suas raízes na mais profunda tradição nacional do escárnio e maldizer, consta da contracapa do livro.

'Menina dos olhos tristes...'

Menina dos olhos tristes, 
O que tanto a faz chorar?
- O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.
(...)
.....
.....


O soldadinho já volta,
Está quase mesmo a chegar.
Vem numa caixa de pinho.
Desta vez o soldadinho
Nunca mais se faz ao mar.

(Reinaldo Ferreira, Poemas, colecção: O chão da palavra/poesia,

Vega e Herdeiros do Autor, 1ª edição, 1988)

LUANDA (ANGOLA), 4 de FEVEREIRO’1961 – 1º DIA DA LUTA PELA INDEPENDÊNCIA

“Em [4 de] Fevereiro de 1961, algumas centenas de filiados no MPLA, passavam ao ataque armado de prisões, quartéis e estação emissora de Luanda.” (1)

…

“Um sentimento generalizado de medo entre os colonos levou à morte de muitos negros e à fuga de muitos outros, parte dos quais se foi juntar aos rebeldes.”(1)

“Os participantes no ataque foram treinados sobre práticas, por exemplo como manejar os instrumentos que seriam utilizados, principalmente catanas, ou desarmar um sentinela, segundo relatos das testemunhas.
Os treinos decorriam à noite, na zona de Cacuaco, arredores de Luanda, e quando começaram a recear infiltrações de indivíduos ligados à polícia política portuguesa, mudaram-se para o Cazenga.
Neste último local foi erguido um monumento denominado “Marco Histórico do 4 de Fevereiro”, inaugurado em 19 de Setembro de 2005, em homenagem aos heróis tombados pela causa da independência.” (2)

…

"A imprensa internacional aguardava a chegada a Luanda do paquete Santa Maria, assaltado nas vésperas por Henrique Galvão num gesto contra o regime fascista de Oliveira Salazar.
O Santa Maria não aportou em Luanda e os jornalistas estrangeiros preparavam-se para levantar âncora quando, no meio popular surgem alguns elementos a aproveitar a presença da imprensa internacional para dar destaque mundial a uma acção de revolta anti-colonial. Assim terá nascido, há 50 anos, o 4 de Fevereiro de 1961." (2)

(1)  H. Oliveira Marques, História de Portugal, (vol. III – Das Revoluções Liberais aos Nossos Dias), Editorial Presença, 13ª edição, 1998.

(2)  “Luanda, 4 de Fevereiro de 1961”,  Pitigrilli, 3 Fevereiro 2011, by MRFPress aqui

"É um mocho ..."

copiado daqui  

(…)

 – É um mocho … – explicou sorrindo.

– Um mocho? … – repeti como um eco, fixando aqueles grandes olhos que aos mesmo tempo me fitavam com uma estranha serenidade. E a voz do moleiro continuava:

– De dia não vê nada … Com muita luz não vê nada … Há muitos na gruta … De madrugada, quando eles entram, é a melhor hora para os apanhar.

Toquei-lhe com a mão, como quem se certifica duma dúvida. Eu já tinha visto muitos mochos pintados nos livros, sem lhes encontrar nada de extraordinário, mas chocou-me aquele encontro com a realidade.

(…)

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Branquinho da Fonseca, Bandeira preta (Os olhos deslumbrados), edições rolim, Lisboa,1986

2 de Fevereiro - Dia de N. S. das Candeias ... O Inverno está para vir...

Dia de N. S. das Candeias, da Luz ou da Purificação entronca na lei moisaica.Quarenta dias depois do nascimento de Cristo, a mãe que ficara impura  com o parto, apresentou-se a Simeão, o sumo-sacerdote do Templo... 

Já no Império  Romano  celebrava-se o sofrimento da deusa Ceres, a das colheitas, com procissão de luzes.

O estado do tempo do dia 2 de Fevereiro (dias das Candeias) dá o sinal como irá ser o Inverno, diz a tradição:

  … Se o dia estiver a rir está o Inverno para vir…

 … Se estiver a chorar, o inverno está a acaba.
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Será que o vai inverno cumprir o ditado?