quinta-feira, 31 de março de 2011

INQUISIÇÃO EM PORTUGAL: Extinta por Decreto de 31 de Março’1821




DECRETO.
As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituintes da Nação Portugueza, Considerando que a existencia do Tribunal da Inquisição he incompativel com os principios adoptados nas Bases da Constituição, Decretão o seguinte:
1.° O Concelho Geral ao Santo Officio, as Inquisições, os Juisos do Fisco, e todas as suas dependencias, ficão abolidos no Reyno de Portugal. O conhecimento dos Processos pendentes, e que de futuro se formarem sobre causas espirituaes, e meramente ecclesiasticas, he restituido á Juriadicção Episcopal. O de outras quaesquer causas de que conhecião o referido Tribunal, e Inquisições, fica pertencendo aos Ministros Seculares, como o de outros crimes ordinarios, para serem decididos na conformidade das Leys existentes.
2.° Todos os Regimentos, Leys, e Ordens relativas á existencia do referido Tribunal, e Inquisições, ficão revogadas, e de nenhum effeito.
3.° Os bens, e rendimentos, que pertencião aos dictos estabelecimentos, de qualquer natureza que sejão, e por qualquer titulo que fossem adquiridos, sejão provisoriamente administrados pelo Thesouro Nacional, assim como os outras rendimentos publicos.
4.º Todos os Livros, e tudo Manuscriptos, Processos findos e tudo o mais que existir nos Cartorios do mencionado Tribunal, e Inquisções, serão remettidos á Bibliotheca Publica de Lisboa, para serem conservados em cautela na Repartição dos Manuscriptos, e inventariados.
5.° Por outro Decreto, é depois de tomadas as necessarias informações, serão designados os ordenados que ficarão percebendo os Empregados que servirão no dicto Tribunal, e Inquisições.

A Regencia do Reyno assim o lenha entendido, e faça executar. Paço das Cortes 31 de Março de 1821. - Hermano José Braancamp do Sobral, Presidente - Agostinho José Freire, Deputado Secretario - João Baptista Felgueiras, Deputado Secretario.
fonte da imagem: aqui

quarta-feira, 30 de março de 2011

Ângelo de Sousa - "inventor absoluto"


fonte: Açores 2010-Região de Cultura aqui

Ângelo de Sousa
Lourenço Marques (Maputo) – Porto
2.02.1938 – 29.03.2011

"um homem que «encontrava sempre o caminho mais simples para inventar o mundo»."

terça-feira, 29 de março de 2011

É ridículo



Hoje, fiz uma lista de livros,
e não tenho dinheiro para os poder comprar.

É ridículo chorar a falta de dinheiro
para comprar livros,
quando a tantos ele falta para não morrerem de fome.
(…)
(...) - sem eles, também eu morreria de fome, 
...
... preciso de comprar alguns livros,
uns que ninguém lê, outros que eu próprio mal lerei,
para, quando se me fechar uma porta, abrir um deles,
e sair de casa, contando os tostões que me restam, 
a ver se chegam  para o carro eléctrico, até outra porta.

exc. Jorge de Sena, 40 anos de Servidão [ode aos livros que não posso comprar, 27.6.44], Moraes Editores (Círculo de Poesia). 2ª edição revista. Lisboa, 1982


.
.NE: Hoje, a "biblioteca" tem mais títulos que leitores 

quinta-feira, 24 de março de 2011

Um triângulo



(GISTEREN - VANDAAG - MORGEN) com atraso no combóio
2011-03-17 *** Já lá vão 4 anos.... 
...que este meu GRANDE e INSUBSTITUÍVEL AMIGO partiu... 
e a saudade continua a ser imensa. 
Tetecha, como era conhecido entre a Família e os Amigos, continua a estar presente no meu dia-a-dia. Esta é a formalização de uma pequena homenagem ao Amigo/Irmão de quem sinto tanta falta....


Meu Amigo,
Precisava tanto
Daquele teu abraço…
De te falar e ouvir,
Abafar este quebranto
Feito de cansaço
A que quero resistir…


Meu Amigo,
Desejava ter-te de volta
E àqueles momentos
De primavera partilhada…
Alegrias, gritos de revolta…
Tantos e tantos sentimentos
Na idade do tudo ou nada…


Meu Amigo,
Queria ter-te ao meu lado,
Escutar a tua gargalhada
Fresca e contagiante…
Contar-te o meu sonho abortado
E felicidade desvanecida,
Dar-te uma lágrima relutante….


Meu grande Amigo,
Sinto tanto a tua ausência…
Parte de mim partiu em ti.
Vazio permanece o teu espaço….
Saudade em permanência …
Mas sei que estás por aí...
Preciso do teu abraço…


Preciso mesmo desse abraço….

quarta-feira, 23 de março de 2011

"AS LIBRAS FIZERAM LAMA", GUERRA JUNQUEIRO


Entre nós, o grande verbo caiu da boca do Fontes: “Regar o país com libras!” E regou-o. E todos à uma lhe seguiram o exemplo. Todos regaram com libras: este a sua quinta, aquele a sua horta um a sua igreja, outro a sua estrada; regaram as mãos, regaram os bolsos, regaram o estômago, regaram a consciência. Uma rega geral, um dilúvio de ouro que inundou o país em meio século.

Mas as libras fizeram lama, e eis aí porque tudo isto é hoje um completo lamaçal.
Guerra Junqueiro, Discurso pronunciado no comício em 27.07.1897, Horas de Luta, Lello & Irmão – Editores, Porto, 1973 (pg.s 93)  

segunda-feira, 21 de março de 2011

"Na caixa do nada"


aqui

Eis a única verdade.
Somos os peões da misteriosa partida de xadrez jogadas por Alá.
Ele desloca-nos, detém-nos, avança connosco
E, por fim, lança-nos, um a um, na caixa do nada.

Omar Khayyam, Rubaiyat – odes ao vinho, 
Editorial Estampa, 3ª edição, Lisboa.1999

sábado, 19 de março de 2011

Dia do Pai'2011



Dia do Pai em  Portugal, Angola, Espanha, Itália, Cabo Verde, Andorra e Liechtenstein e parcialmente na Bélgica.
Vou aproveitar o maior brilho da Lua Cheia para te olhar nos olhos...
Hoje devia ter sido um dia de festa. 
Bem me tinhas avisado para ter cautelas. 
Fiz ouvidos moucos….segui o canto da minha cigarra.
Afinal a minha sereia...
Não te zangues.
Assobia-me o Hino à Alegria como naquelas madrugadas do rouxinol.

quinta-feira, 17 de março de 2011

INCÊNDIO NA ESCOLA POLITÉCNICA - FOI EM 1978




fonte: O peão em Lisboa: pelo Prof. Costa Loba, 5.10.2009. Amigos do Botânico aqui 


17 Março. 1978 - Incêndio na Faculdade de Ciências de Lisboa (desde 1911), edifício da antiga Escola Politécnica.
(...)
Estávamos no meio da sala [Cervejaria Trindade] sem sabe[r] o que decidir, quando entram Filipe e Luís, aos berros, excitadíssimos, gritando que a Faculdade estava a arder. Ninguém acreditou.
(…)
A rua da escola Politécnica estava cheia de gente. Deviam ser 2 horas. E de dentro da minha Faculdade vinha o clarão, o fumo, e as chamas. Não percebia bem o que via, ou melhor, o meu pensamento ainda não tinha sido atingido.
Muitas pessoas do bairro assistiam, ouvia-se de vez em quando: “O problema é a Química, eles estão a tentar apagar o fogo do lado da Química, para evitar uma explosão; todo o quarteirão pode ir pelos ares, se o fogo chega à Química”. Mas ninguém arredava pé, o passeio do lado da [Pastelaria] “Cister” estava apinhado de gente.
19-3-78 – O rescaldo
No domingo seguinte passei o dia a ajudar a recuperar objectos e livros da secção de Zoologia.
Era um patético e esperançoso trabalho arqueológico. Algumas daquelas pessoas tinham perdido os trabalhos e investigações de muitos e muitos anos, no entanto, ali estavam, dando tudo de si, alegrando-se com a descoberta de um desenho, ou de uma folha solta de determinado livro. Acho que nunca esquecerei a lição que eles me deram: não desesperaram, esforçaram-se por recuperar o que havia para recuperar, voltaram a pensar no futuro.”
Créditos para Vanda Brotas, O incêndio da Politécnica aqui
Alcides Freitas, na Califórnia, prontamente acedeu ao pedido de angariar bibliografia para ajudar a recompor a insubstituível biblioteca sectorial de Geologia. Reuniu e acondicionou material diverso específico, inclusive microfilmes, entregou à entidade oficial de representação portuguesa. 
Até hoje ainda não se sabe se chegou ao destino certo.

quarta-feira, 16 de março de 2011

GOLPE DAS CALDAS- UM ENSAIO? PPD/PSD ABANDONA MOTA PINTO. O EUROPEU JEAN MONNET SOBE AO ZÉNITE

fonte: aqui


1974 . 16 de Março -  O falhado golpe militar pelo Regimento de Infantaria n.º 5 das Caldas da Rainha teria sido um ensaio ou uma antecipação? Seja o que tenha sido, veio mostrar a fragilidade da cadeira do poder construída por Salazar & Caetano.

1979. 16 de Março – Político fundador da Europa dos cidadãos,  Jean Monnet entra na viagem da Memória.  "Nós, [J. M.] não fazemos coligações de Estados, unimos os homens”.

sábado, 12 de março de 2011

Sair pela porta grande ...


“Em Portugal, onde todos nos conhecemos mais do que é consentido às conveniências Carlos sociais, uma opinião isolada, por mais inocente que ela seja, atinge uma repercussão quase escandalosa. Ter uma opinião é pior do que ter uma mácula. E se quem ousou a petulância de formulá-la se atreve ao descaramento inaudito de a tornar pública, é então certo que não poderá fugir ao castigo severo reservado aos inconfidentes e melhor lhe será, aproveitando a lição, não reincidir na imprudência.”
 “A cada um é permitido murmurar em segredo, ao vizinho, uma monstruosidade, mas a ninguém é consentido proclamar em voz alta uma opinião.”
(Carlos Malheiro Dias, 1905)

(Carlos Malheiro Dias, Ciclorama Crítico de um Tempo – Antologia, Vega, Lisboa. 1982)


.

Em Tempo das manadas de vacas magras serem afugentadas para as estepes fronteiriças dos desertos e da especulação, sobra ao governo a passadeira vermelha para a saída. ..
Também existe a  Moção de Confiança. (ideia reclamada por xc).
….
A próxima revisão constitucional tem espaço para incluir
1)     1.  a diminuição do prazo entre a demissão de governo ou entre o anúncio e o dia de eleições. (Em Inglaterra, basta o intervalo de um mês entre a demissão do governo e a eleição).
2)      2. a diminuição do número de concelhos e de freguesias.
3)      3. a diminuição do número de Deputados no Parlamento da República e das Regiões Autónomas.
4)     4.  a diminuição do nº de Direcções-Gerais e de Serviços
5)     5.  o desdobramento da eleição de deputados dos círculos distritais em eleições de  deputados do  círculo nacional  e dos círculos distritais.

sexta-feira, 11 de março de 2011

DIA INTERNACIONAL DA MULHER - EM SÃO BENTO


“Se não tivesse lido a História de Portugal, ser-me-ia suficiente observar a maneira como os camponeses portugueses saúdam, para concluir que este povo viveu uma longa opressão.
 Logo que eles avistam, mesmo ao longe, um viajante, tiram o seu amplo chapéu e levam-no até ao chão.”
in José Pecchio, Cartas de Lisboa – 1822,
 introd. e notas de Manuela Lobo da Costa Simões, 
Livros Horizonte, 
Lisboa, 1990



DIA INTERNACIONAL DA MULHER'2011 


DEPUTADA PAULA CARDOSO [PSD] NO PARLAMENTO


"BANDEIRAS VERDE-RUBRAS" 
- UM SEGREDO BEM GUARDADO 


(…)
"Mas não menos alegria, experimentamos, eu e a minha amiga e falecida colega, Dr.ª Carolina Beatrís Angelo, quando o grão-mestre adjunto da Maçonaria Portuguesa, Dr. José Castro, nessa época em exercício efectivo,  numa noite de Agosto desse ano redentor e debaixo do maior sigili maçónico, nos dava o encargo de mandar fazer 20 bandeiras verde-rubras no praso de 48 horas.
Para maior segredo e evitar qualquer falta ao compromisso tomado, foi por nós proposto que a confecção das referidas bandeiras seria feita só por nós ambas.
Tudo combinado."
(…)
 Adelaide Cabete
(Isabel Lousada, #Em fazenda "verde-rubras”#,
 em A Maçonaria e a Implantação da República,
edição da Fundação Mário Soares, 2009)

Nota: Carolina Beatriz Ângelo foi a única mulher a votar para a Constituinte de 1911, por efeito de reclamar o facto de ser chefe de família (era viúva). 

quinta-feira, 10 de março de 2011

Batem leve, Augusto Gil


.
Balada da Neve
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…
E descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.
Augusto Gil, v.g. aqui