domingo, 31 de julho de 2011

Não dormes (30.07.2011)


Fernando Valle 
30.Julho 1900 – 27 Novembro 2004
Conduziu a chama da Esperança.


INICIAÇÃO
Não dormes sob os ciprestes,
Pois não há sono no mundo.
....................................................
O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.

Vem a noite, que é a morte,
E a sombra acabou sem ser.
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.

Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa :
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.

Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada :
Tens só teu corpo, que és tu.

Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.
....................................................
A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não 'stás morto, entre ciprestes.
....................................................
Neófito, não há morte.
____________________________
Poesia de Fernando Pessoa, 
Introd. e Selec. de Adolfo Casais Monteiro, 
Editorial Presença, 
3ª Edição, Lisboa, 
2006, pg. 104

quinta-feira, 21 de julho de 2011

"Este é um pequeno passo para um homem, mas um grande passo para a humanidade" (Neil Amstrong)

Aconteceu em 20 de Julho 
1969  
O homem chega à Lua. O astronauta norte-americano Neil Armstrong caminha no solo lunar, seguido de Edwin Aldrin. aqui


Em Portugal - … "Linhares Furtado realizava  um primeiro transplante renal." aqui



Biblioteca de Bustos (ex- Biblioteca Fixa nº 26), 11.02.2010. foto de arquivo

1955
Calouste Gulbenkian 
(23.03.1809 – 20.07.1955)
Mecenas de difícil imitação.
 Legou a «Fundação Calouste Gulbenkian» em que "os seus fins são de caridade, artísticos, educativos e científicos;", lê-se  aqui
...
Uma evocação dos "CdB"

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Abílio Manuel Guerra Junqueiro - Poeta da República



Guerra Junqueiro
17.Setembro.1850 - 7. Julho.1850
Freixo de Espada à Cinta - Lisboa
O Melro
(excerto)
(...)
Os vegetais felizes


Mergulhavam as sôfregas raízes

A procurar na terra as seivas boas,

Com a avidez e as raivas tenebrosas

Das pequeninas feras vigorosas

Sugando à noite os peitos das leoas.

A lua triste, a Lua merencória,

Desdémona marmórea,

Rolava pelo azul da imensidade,

Imersa numa luz serena e fria,

Branca como a harmonia,

Pura como a verdade.

E entre a luz do luar e os sons das flores,

Na atonia cruel das grandes dores,

O melro solitário

Jazia inerte, exânime, sereno,

Bem como outrora o Nazareno

Na noite do calvário!
(...)