quinta-feira, 7 de julho de 2011

Abílio Manuel Guerra Junqueiro - Poeta da República



Guerra Junqueiro
17.Setembro.1850 - 7. Julho.1850
Freixo de Espada à Cinta - Lisboa
O Melro
(excerto)
(...)
Os vegetais felizes


Mergulhavam as sôfregas raízes

A procurar na terra as seivas boas,

Com a avidez e as raivas tenebrosas

Das pequeninas feras vigorosas

Sugando à noite os peitos das leoas.

A lua triste, a Lua merencória,

Desdémona marmórea,

Rolava pelo azul da imensidade,

Imersa numa luz serena e fria,

Branca como a harmonia,

Pura como a verdade.

E entre a luz do luar e os sons das flores,

Na atonia cruel das grandes dores,

O melro solitário

Jazia inerte, exânime, sereno,

Bem como outrora o Nazareno

Na noite do calvário!
(...)

  

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