quinta-feira, 18 de novembro de 2010

QUADRA POPULAR & MANUEL ALVES - POETA CAVADOR




MANUEL ALVES - O POETA CAVADOR

Que bonitas melancias
Tem aquela rica dama!
Por tanto bem que lhes quer
Deita-as consigo na cama.

É uma classe de semente
Que a mãe dela herdou da avó;
Guarda-as para ela só,
Não quer dar delas à gente.
São meias roxas na frente,
Na casca são luzidias;
Cobre-as todos os dias
Para o sol as não crestar;
Diz, quem para elas olhar:
«Que bonitas melancias!»

Quando passo à sua porta
Digo o que à mente me vem:
«Por alma da tua mãe,
Deixa-me ir à tua horta!»
«E esta fruta não se corta,
- Ela em alta voz me clama:
A minha fruta tem fama,
Hei-de estimá-la por isso».
Melancias que eu cobiço
Tem aquela rica dama!
(…)

O BURRIQUEIRO! aquI  SEGUNDA-FEIRA, 16 DE FEVEREIRO DE 2009,

MANUEL ALVES - O POETA CAVADOR


Monumento Manuel Alves(*)
(1845-1901)

Manuel Alves nasceu e morreu em Vale do Boi, freguesia da Moita. Repentista e analfabeto, ficou conhecido por “Poeta Cavador”, cognome que lhe foi atribuído por Tomás da Fonseca, também responsável pela compilação dos seus versos – “Versos dum Cavador”.

No lugar da Moita, na década de 50 do séc. XX. Foi erigido um Busto, em bronze, em homenagem a Manuel Alves, O Poeta Cavador
(*) créditos para a Câmara Municipal de Anadia, aqui 
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Do cancioneiro do Distrito [de Aveiro]...
(**) Ó pedras desta calçada,
levantai-vos e dizei
quem vos passeia de noite,
que eu de dia bem sei!...
 Oliveira do Bairro
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(**) retirado da revista ' Aveiro e o seu Distrito', nº 20. 1975. Cancioneiro do Distrito, compilação de M. Berta.

1 comentário:

  1. Sou um admirador dos varsos de Manuel Alves. Há anos fui com um amigo a Vale do Boi. Quiz visitar a campa do poeta, que tem gravado um mote de um dos seus poemas:
    Aqui findam as vaidades
    Com que a Vida nos seduz;
    Aqui há paz, há repouso
    á sombra da eternacruz.

    O poema a que se refere este mote, está gravado, junto com poemas á morte de outros grandes poetas, no cemitério da Conchada, em Coimbra.
    No dia que fiz essa visita a Vale do Boi, vi uma vélhinha toda vestida de luto, e perguntei-lhe onde poderia adquirir o livro de poemas do poeta Alves. Ela respondeu-me que normalmente a Camara de Vale da Mó edita os poemas no aniversário da morte do poeta, mas esgotam-se rápidamente, mas a senhora disse-me que tinha um livro novo e que mo oferecia. Quiz pagar mas a senhora fèz questão de mo oferecer.Fui a Vale da Mó e comprei um ramo de flores que vim oferecer á senhora. Qual não é o meu espanto e emoção quando a senhora se abraça a mim a chorar e me beija, dizendo: Tenho 90 anos e nunca ninguém me tinha antes oferecido flores.

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