"Nunca se viu na sociedade
portuguesa tanto desequilíbrio, tanta gente a esmolar nas ruas e nos semáforos,
tanta oferta de prostituição e de submissão. A competência profissional é
inútil, a integridade pessoal inconveniente, a dignidade cívica inoportuna.
Não provocar ondas tornou-se uma divisa.
O fosso entre os cidadãos agiganta-se. Governantes, governados, pais, cônjuges,
colegas como se o outro fosse um rival, um inimigo. Um objecto a comprar:
compram-se os filhos, os apoiantes, os votantes, os amantes.
Eis o dilema que aguarda, daqui para a
frente, os poderosos: ou gastam em justiça social ou em repressão policial."
Fernando
Dacosta, Nascido no Estado Novo,
Lisboa,
Editorial Notícias, 3.ª edição, 2001, (p. 329).
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colaboração de q'uid
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