segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

... "a linguagem e a mentira das coisas"



«[ …] Que doces coisas são os sons e as palavras! Não serão os sons e as palavras os arcos-íris e as pontes ilusórias que estabelecem a ligação entre o que está eternamente separado?

Todas as almas têm um mundo seu; para cada uma delas, a alma de outrem é um mundo transcendente.

É entre aqueles que estão mais próximos que a ilusão faz cintilar as suas miragens mais belas; porque o abismo mais estreito é o mais difícil de transpor.

Como poderia haver para mim um não-eu? Não há mundo exterior. Não foram os nomes e os sons dados aos homens para terem prazer nas coisas? A linguagem é uma doce loucura; falando, o homem evade-se e dança para lá das coisas.

Como são doces, a linguagem e as mentiras das coisas! O nosso amor dança com os sons em arco-íris matizados.»
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in Nietzsche, Assim Falava Zaratrusta, [O convalescente], Guimarães Editores, Lisboa, 2007  

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