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«[ …] Que doces coisas são os sons e as palavras! Não serão
os sons e as palavras os arcos-íris e as pontes ilusórias que estabelecem a
ligação entre o que está eternamente separado?
Todas as almas têm um mundo seu; para cada uma delas, a alma
de outrem é um mundo transcendente.
É entre aqueles que estão mais próximos que a ilusão faz cintilar
as suas miragens mais belas; porque o abismo mais estreito é o mais difícil de
transpor.
Como poderia haver para mim um não-eu? Não há mundo exterior.
Não foram os nomes e os sons dados aos homens para terem prazer nas coisas? A
linguagem é uma doce loucura; falando, o homem evade-se e dança para lá das
coisas.
Como são doces, a linguagem e as mentiras das coisas! O nosso
amor dança com os sons em arco-íris matizados.»
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in Nietzsche, Assim Falava Zaratrusta, [O convalescente],
Guimarães Editores, Lisboa, 2007
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