António José
Forte (1) (1931-1988) poeta surrealista,
“…escreveu pouco, talvez apenas o necessário para deixar vincada a sua presença
e ter a certeza de haver «gente que nunca escreveu uma linha que fez mais pela
palavra que toda uma geração de escritores»”, (2)
“Os poetas, os reformistas, os reaccionários, os
progressistas arregalarão os olhos e em seguida hão-de fechá-los de vergonha.
Fechá-los como têm feito sempre, afinal, em seguida mergulharem nas profecias.
Olharem para a parte inferior da própria cintura e em seguida fecharem os olhos
de vergonha. Abandonarem-se desenfreadamente à carpintaria das suas tábuas de
valores, brandirem-se por cima das nossas cabeças como padrões para a vida,
para a arte, para o amor e em seguida fecharem os olhos de vergonha às
manifestações mais cruéis da vida, da arte do amor".(3)
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(3) in Forte, António José. Corpo de Ninguém. Hiena. Lisboa.1989...[Uma
Faca nos Dentes. p. 39]
Nota: Um bem-haja pela colaboração recebida.