Eduardo Mondlane
(Manjacaze, Gaza – Dar es Salaam
20.06.1920 – 3.02.1969
O soldado colonial Gabriel, que fora capturado por forças da FRELIMO em sequência de uma emboscada montada nos arredores de Nantulo, estaria condenado a ser supliciado por enterramento numa cova tapada até ao pescoço, se o acaso não trouxesse à sua presença o camarada tenente Alfredo Malanga que identificara o seu salvador pela orelha roída, o que valeria, em retribuição, a sua salvação, mas …
… Gabriel Craveiro ficava obrigado a frequentar um curso de reciclagem ideológica em Nachingwara (Tanzânia) onde Nelson Leal faz situar o episódio:
(…)
- Nunca ouviste falar em Eduardo Mondlane?
- Só agora, nestas aulas. Mataram-no, não foi?
- Foram os colonialistas. Era da minha aldeia. Era filho de Nwadjhane, família de um velho rei do Bilene.
Naquelas longas noite de luar imenso, ao redor da fogueira, o Gabriel ia conhecendo a História não contada de um outro Moçambique, um Moçambique de lendas, de heróis e de tribos irredutíveis. Soube que Mondlane era Chivambo, filho de Magulane da linhagem dos Nwanati, que a avó foi irmã de um célebre Xipenanhane Mondlane, herói das épicas campanhas de Mandlakazi. “A sua coragem era a de um leão e o seu espírito o de um falcão. Ele vive hoje, lá nos céus, nas asas de uma águia”, afirmava convicto. Apascentou gado enquanto menino, estudou na escola de Maússe e jogou à “homana” nos intervalos, caçou passarinhos e lebres, montou touros e roubou massarocas como qualquer outro menino da aldeia. Soube também que um padre da missão, o padre Perrier, levou Eduardo Mondlane de Manjacaze para um hospital suíço, onde estudou e entrou na Mesa da ONU, onde desempenhou funções de subsecretário. Foi casado com uma branca, Janet e teve três filhos. Um político e um revolucionário que encantou o mundo.
(…)
in Nelson Leal, Filhos do Nada. Águeda 2006 (p.108)
Fonte da imagem (adaptada) Digital no Indico aqui
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